quinta-feira, 22 de maio de 2008

Resenha da entrevista com Todd Gitlin

Todd Gitlin é professor de Jornalismo e Sociologia da Universidade de Columbia (uma das mais importantes do país) e ex-presidente do movimento radical e bem influente da década de 60, o SDS (Students for Democratic Society). Em entrevista sobre o ano de 1968, Gitlin compara fatos do passado com o presente e mostra sua visão do futuro.
Falando sobre os ideais da época, Gitlin diz que, além das forças políticas estarem estremecidas pela entrada de novas forças no Partido Democrata, uma nova violência estava dividindo o país. Foi o ano de grandes assassinatos: Martin Luther King e Bobby Kennedy, entre muitos outros conflitos urbanos.
Segundo Gitlin, o que aconteceu naquele ano foi, realmente, uma luta da esquerda contra direita. Um conflito de pessoas da mesma geração.Ele acredita que, sem a Guerra do Vietnã, o desenvolvimento teria sido mais tranqüilo. O ano de 68 foi o início da estrutura para transformação da sociedade e, hoje, as formas apenas mudaram.
Em tempos de manifestações nos EUA e em outros países, o Brasil não ficou de fora do contexto de uma sociedade em transformação. A diferença foi a consci~encia política muito mais forte em nosso país do que nos EUA.
Gitlin fala que "os gritos de poder para o povo" do movimento de esquerda (dos EUA) era pouco claro, bem como sua capacidade de auto-definição. Como estavam acontecendo tantas coisas no mundo ao mesmo tempo, a tendência era achar que tudo se conectava. Contudo, as semelhanças eram apenas superficiais. No conflito entre as posições conservadoras e liberais, foram estes últimos que prevaleceram. É possível perceber essa vitória observando os EUA atualmente. Um país que aceita homossexuais, autonomia feminina e autoridade dos negros sobre os brancos.
Questionado sobre os erros do SDS, Gitlin expõe três problemas: de querer fazer tudo sozinho; de fantasiarem coisas sobre a revolução; e pela enorme arrogância que desencadearam conseqüências tenebrosas.
Gitlin diz não perceber quase nenhuma semelhança entre 1968 e 2008. O terreno cultural é muito diferente. Hoje, é mais aberto e diversificado e não há nenhuma revolta cultural nos dias de hoje. Exceto o mundo da música, em constante mutação. A tradição política mudou bastante e a tendência em direção à devoção cívica e à virtude republicana da população, em geral, pouco sobreviveu.


Michele de Goes Santos
jornalismo

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